20.3.13

Da série "empresas que sabem fidelizar clientes"

Lucas Apps, um miúdo de sete anos, perdeu um boneco LEGO que tinha comprado com todo o dinheiro que juntou no Natal. Apesar das advertências do pai quis levá-lo para o Centro comercial e o boneco novo lá desapareceu - como é de esperar das coisas que andam ao cuidado de putos desta idade. Lucas não baixou os braços e escreveu uma carta à LEGO, onde contou a história e perguntou se podiam enviar-lhe outro. Qual não foi o espanto, quando recebeu resposta. É ler aqui as duas cartas, ambas maravilhosas.

Bergoglio

Só ouço comentários entusiastas acerca do novo Papa Chico, sobre a humildade, bondade e ideias vanguardistas em relação à Igreja. Não consigo entender como o deslumbramento é tão eficaz quando, entre o missionarismo, gostar de futebol e de andar a pé, Francisco I é contra o casamento gay e o aborto. Não sei de que forma este Papa pode aproximar as camadas mais jovens da religião católica. Se a ideia é que a instituição continue com os seus conceitos fascistas - ser homofóbica, contra a igualdade de género e manipular através da culpa - o Papa Chico parece ser uma escolha certeira. Nos dias de hoje, felizmente, essas são as principais críticas apontadas à Igreja.

Ou isto

Daqui

Welcome Spring

Que venhas para ficar, pelamordedeus.

Mas

a terceira temporada de Downton Abbey acaba assim, abrupta? Aconteceu mesmo aquilo? Há muito que uma série não me deixava com um nó tão apertado no estômago.

18.3.13

Beleza a quanto obrigas

Acordo um dia e tenho uma mancha castanha por cima do lábio. Longe de ser resquícios de buço mal arrancado, corri para a farmácia, onde me dizem que basta usar ecrã total. Saí de lá com uma bisnaga que pastei cuidadosamente todos os dias. A mancha desaparecer? Nada de nada. Não aumentou, é certo, mas também não se aniquilou. Dizem-me que não se nota nada - à excepção de duas amigas a quem também coube o infortúnio e conhecem a ira que assola quando ouvimos que não se nota nada, chutando para canto, como se uma mancha castanha a fazer de bigode não seja coisa de dar importância. Sim, cabeças puritanas, claro que há milhentas prioridades, mas se puder tratar desta nada me impedirá de o fazer. Incomoda-me, pronto. As minhas fotografias do Verão do ano passado são para esquecer. Não que seja dada a estar frente da câmara muitas vezes, mas é um balde de água fria quando nas poucos em que dou o ar da minha graça tenho um bigodão a centrar todos os olhares que lhes peguem. Ora, no Inverno a coisa passa e pouco me lembrei que mancha existe, mas, meus caros amigos, o sol já anda aí a espreitar, e o sinal de alarme começou a ensurdecer-me. Na semana passada, lá meti os pés da dermatologista, sra. dra. que já não visitava há um ano, para sair de lá com três folhas de receitas, mais duas de outros tantos cremes:

 - duas caixas de comprimidos para as manchinhas brancas que me costumam aparecer na praia. Mais vale atacar antes para ver se este ano as extermino de vez;
 - sérum para o melasma, a ver se fica mais claro;
 - creme de dia para o melasma, a ver se fica mais claro;
 - ecrã total de outra marca, a ver se protege melhor;
 - esfoliante diário diferente que, pela expressão da médica ao olhar para o meu nariz de amora, parece que o que usava não era assim muito eficiente;
 - retornar ao creme hidratante de há uns anos para ser aliado do tropa descrito acima;
 - creme para as olheiras, a ver se minimizo o ar de zombie quando tiro o corrector;
 - mais comprimidos para a bactéria que me apareceu no dedo pequeno do pé, creio eu por me ter esquecido de levar os chinelos de duche uma vez - uma vez! - para o ginásio;

A consulta nem demorou meia-hora e na farmácia ofereceram-me uma espécie de cartão gold da casa. Escusado será dizer que dada a quantidade de trabalho neste país, vou comer atum em lata até ao fim do mês - não me parece que os cremes saibam bem e se há coisa que se gasta pouco nesta casa, são latas de atum. E perdi o concerto de Beach House. Cabra da mancha.

17.3.13

Gosto de ver o Masterchef Australia, que gosto, mas deliciarem-se com uma perna de pombo como se fosse lagosta suada? É por estas que nunca poderia seria uma grande Chef.

Amor, sim ou não?

Até que ponto devemos aguentar um playboyzinho por quem estamos perdidamente apaixonadas? Quando somos nós a cair de amores pela espécie, é fácil ter esperança e pensar que o gajo vai mudar. Uma simples mensagem, com ou sem cantiga do bandido, é balão de oxigénio suficiente para ficarmos agarradas a migalhas por mais uns dias, semanas até.
Em conversa com uma amiga, que está colada a um gajo desses há demasiado tempo, dizia-lhe eu para deixar andar - se acredita que ele pode mudar, e fazê-la feliz. Dizia-lhe para se proteger, claro, e que só acredito que ela deve esperar porque não está preparada para o deixar ir. Já o fez, ficou sem chão, definhou. A L. é insegura. "Tenho medo de ficar sozinha", repete-se. É-me difícil compreender este receio, mas não posso fazer nada a não ser aceitar. Tem 27 anos, é inteligente, bonita, tem uma carreira auspiciosa pela frente, e o medo de ficar sozinha é o que a move nos últimos tempos. Podia ser anedótico, se não fosse grave. Escusado será dizer que sou a única amiga que a aconselha a sair com o gajo enquanto não se apaixona por outra pessoa. Enquanto não se cansa de ser passada para trás. Até posso dar o benefício da dúvida sobre ele gostar dela, só não acredito que ele mude tão cedo. Mas até que ponto é melhor virar as costas, por obrigação, passo-ante-passo sofrido enquanto vai embora, a arrastar-se dia após dia numa tristeza profunda? A L. já passou por isso: chega sempre o dia em que o desalento é tal, que o telemóvel se torna o último reduto. Cai na esparrela de novo, e a história repete-se: primeiro os dias de paixão, semanas, até que ele se cansa e deixa de telefonar, vai, e depois volta. Sempre que lhe apetece. A L. aceita isso. Infelizmente. Parece que renasce quando o trim trim especial do telemóvel dá acordes novamente. 
A L. já tentou conhecer outras pessoas: rapazes jeitosos que lhe davam bola, cineminha, jantar, cafés. Voltou ao mesmo, mas tentou. Só o fez porque não tinha um ponto final na relação pornográfica. O fim ata-lhe as mãos, as pernas, o coração, o baço. Dar-lhe essa opção é trancá-la, tirar-lhe o rumo, durante muito mais que muitos dias e meses. A única coisa que eu quero é que a L. tenha motivação para conhecer outras pessoas. Tenho duvidas sobre o resultado dos meus conselhos, mas como é que poderia lhe tirar isso?