11.7.13

Uh uh!

O levantamento do primeiro volume da enciclopédia está acabado! 900 páginas já foram, venham as restantes.

3.7.13

looks we love

Com dois dias de atraso, depois do feriado de segunda, na ilha, trocar-me as voltas.

1.7.13

20 + 30 são 50?

Quando em Novembro de 2011 entrei na caixa dos trintões não pensei muito sobre o que a vida me guardava para a nova década. Tinha um trabalho que gostava muito, com boa gente e inteligente, mais crescidas, e que no dia de anos me foram lembrando que "os trintas são os novo vintes!" De tanto o ouvir, devia ter percebido que a lembrança não era um aconchego aos meus supostos dramas de entrar nos trintas, mas uma fuga para quem já lá estava há uns tempos. Aos 31 comecei a dizê-lo aos caçulas que acabavam de largar a casa dos vintes.
A frase podia ser perfeita para aconchegar os problemas existenciais de quem tem trinta anos mas ainda vive com a ajuda dos pais porque o ordenado, quando existe, não serve para pagar as contas, a casa, a gasolina, o médico e as saídas à noite. Mas é uma puta de uma ilusão barata. Aos 32 estou sem trabalho fixo, sem poder pagar as contas, a comida e as viagens para visitar a família. E só não vivo em casa dos pais porque a minha mãe me empresta um segundo apartamentozinho que comprou há uns anos. Nos 20, tudo isto era normal. Aos 32, faz-me sentir uma parasita e que só volto à minha condição de pessoa se emigrar. A questão é que eu não quero emigrar e resisto à minha expulsão do país enquanto salto na corda bamba. E verdade seja dita, nesta fase não sou a pessoa mais equilibrada do mundo.
Nos 30 as atitudes loucas e desapegadas dos 20 deixam de fazer sentido. Chegam a tornar-nos ridículas aos olhos de alguns. Se temos trabalho somos esfolados até ao tutano  em troca do ordenado mínimo e, no meu caso, se nos recusamos a isso e procuramos uma década um pouco mais digna de memória somos vistos como a coitadinha que está desempregada, mais uma.
Tenho vergonha de fazer parte da extensa lista dos desempregados, e nem subsídio tenho. É muito bonito teorizar sobre o empreendedorismo e os negócios que gostava de criar, mas as burocracias exigidas a quem tem de pedir um empréstimo para avançar são desmoralizantes e, na maior parte dos casos, impossíveis de quebrar.
Aos 20 não me preocupava com creme anti-rugas, manchas do sol, peles que começam a ceder à gravidade e óvulos em menor quantidade. A falta de um ordenado decente levantou um muro de ferro a qualquer ponderação de ser mãe e eu, que ainda nem sequer sei se o quero ser por não me ser permitido pensar nisso, preocupo-me se poderei ser mãe algum dia. Aos trinta e dois, o país deu-me medo de sonhar porque é preferível matar expectativas do que levar outro murro no estômago. Esta confrontação é das coisas mais tristes que há.
Recuso-me a aceitar que os 30 são os novos 20 e que este país não tem trabalho para mim. Recuso resignar-me à condição de parasita quando tenho todas as capacidades, e vontade, de fazer um óptimo trabalho. E não posso voltar a estudar porque as propinas dispararam e eu não tenho recursos para as pagar.
20 + 30 são 50, certo; 30-20 dá 10; 20-30 = -10. Podia continuar até equações de 3º grau, mas nenhuma me cabe. E sim, não percebo porque não me posso queixar se até sou privilegiada no meio de um país que definha. De que é que isso me serve se não sei onde me encaixo?